A síndrome não é
específica dos 20 e poucos anos, mas sim do aniversário de cada dia. A
síndrome, vulgo desespero, bate toda vez que sobe um número a mais na última ou
até na primeira casa na hora que te perguntam quantos anos você tem. Por que a
cada ano que passa, parece que você acaba tendo um ano a menos de vida, um ano
a menos para conquistar tudo aquilo que quer, um ano a menos pra ser tudo
aquilo que tem pra ser.
Mas quando se é jovem,
quando se tem sei lá, 14 anos, não se vê a hora de ter a próxima idade, de
completar os 15, de ser visto como "jovem", de ganhar mais liberdade
dos pais, de estar iniciando o ensino médio, de estar crescendo, nessa fase fazer
aniversário ainda é algo bem maneiro, como muitos dizem. Até o famoso 18 anos,
é sempre uma festa completar mais um ano, é tudo muito libertador, é tudo muito
jovial, é tudo ainda motivo de alegria. Mas é nos 18, ou em alguns casos até
antes, que as responsabilidades batem mais forte na porta, é onde você tem que
tomar a decisão de uma vida inteira de trabalho em um tempo bem curto, é quando
junto vem a tal da faculdade, os estágios, TCC, e dai só piora, tem que arrumar
emprego, tem que trilhar seu próprio caminho, longe das abas de qualquer outro
ser.
É também a partir dos
18, que a gente começa a se questionar: será que seremos bons pais quanto os
nossos? Será que seremos uma pessoa a quem se espelhar? Eu mesmo, vivo me
questionando, se todo esse meu esforço valerá um dia a pena? Ou se no mínimo
serei capaz de realizar todos os meus desejos, sonhos e viagens planejadas? Ou
se vou se destacar profissionalmente e ter uma vida incrivelmente boa? É
exatamente a partir dai que o desespero sob o futuro, ou pouco tempo que nos
resta, começa a surtir efeito.
Tem que arrumar um
companheiro admirável. Tem que ser bom o suficiente para manter o casamento por
muitos anos. Tem que ter filhos e saber educa-los muito bem. Tem que ter um
emprego reconhecido. Tem que ter um milhão de coisas que você não está nem perto
de ter, mas a sociedade estipula que você precisa. É com todos esses anos que vão diminuindo, que os aniversários passam a deixar de ser um momento feliz, para ser mais um momento chato para se indagar sobre a vida.
Acredito que o que importa não são as conquistas materiais que dizem que devemos alcançar ou sermos espelhos para outras pessoas. Sendo sincero consigo mesmo, o caminho se torna razoável e produtivo. O olhar dos outros ajuda a moldarmos o nosso ser, mas o conteúdo - o recheio - é a gente quem escolhe. Aniversários são como nuvens: passam. O que fica é a experiência a cada ano adquirida.
ResponderExcluirBoas palavras, Carolina. :)
Abraço!
Obrigada Iuri!
ExcluirAcredito também que aniversários passam realmente, e que independente de quantos anos a gente tenha, não importa os números, mas sim a quantidades de momentos e experiências boas que a gente tenha para carregar conosco até o fim da vida. Mas datas de aniversário são datas muito boas para uma bela reflexão da vida.
Abraços professor!