Eu não tenho medo de morrer. E acho que ninguém devia ter, todos nós sabemos que esse será o fim. O que eu realmente tenho medo, é de morrer antes de poder fazer uma lista de coisas nas quais eu realmente sonho fazer. Eu juro que não quero viver até os 114 anos como uma das brasileiras mais velhas. Provavelmente eu nem vou ter força para fazer nada com 114 anos. Se eu viver até os 80, com todos meus sonhos realizados, eu certamente serei uma pessoa muito feliz.

E eu nem quero muito, para ser sincera, eu quero apenas coisas clichês, coisas básicas. Não quero ser uma pessoa que vai marcar uma década com algum trabalho. Nem ganhar na loteria. Nem preciso me casar com o cara mais bonito da Inglaterra, nem com nenhuma pessoa famosa. Eu não preciso ser necessariamente milionária, apesar de que não seria nada mal. Eu definitivamente só quero poder ter uma vida satisfatória. Encontrar uma pessoa legal e permanecer ao lado dela o maior tempo possível, enquanto for bom para ambos. Ter talvez um filho, adotar outro, fazer o bem sem olhar a quem. E talvez a última e mais valiosa das proposições, viajar. Eu quero viajar muito, conhecer os lugares mais diversos, as culturas mais estranhas, as pessoas das mais belas as mais feias. Eu quero rodar o mundo, conhecer tudo que for possível conhecer.

Desde as Ilhas Tailandesas, com as suas mais belas águas cristalinas, Istambul com sua cultura indescritível, Hong Kong pela sua arquitetura urbana deslumbrante, as Montanhas Rochosas com suas montanhas, lagos, florestas e clima belo, as Ilhas do Pacífico, ou qualquer cidadezinha que tenha uma boa comida e uma boa história para se contar aqui no Brasil. Porque eu quero exatamente isso, ter um bagagem cultural esplêndida, ter muita, mas muita história para contar. Poder dizer o que eu já vi aquela queda d'água do outro lado do mundo que é considerada a mais bonita e que todos só viram pela televisão. Eu quero poder ter a sensação de  que já vi e ouvi de quase tudo no mundo.

Eu carrego comigo essa bagagem de sonhos e a certeza de que cada possui os seus. A morte é algo realmente triste,  mas é mais triste ainda quando se sabe que uma vida foi interrompida sem que ela tenha realmente valido a pena, sem que ela tenha visto todos os seus sonhos se realizar.